Não se pode negligenciar o efeito de uma crise econômica na arquitetura. É o que nos lembra o artista Jorge Isla com sua série de fotografias do Centro Desportivo de Alto Desempenho do Balneário de Panticosa, na Espanha, projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza. Um edifício que teve suas obras iniciadas nos primeiros anos deste século e que foi abandonado devido à crise financeira do país.
Segundo o autor:
Anatomia de um êxodo revela o contraste irônico entre as grandes construções e visões utópicas do passado a partir de uma construção que foi abandonada em 2008 nos Pireneus Aragoneses: o Centro Desportivo de Alto Desempenho do Balneário de Panticosa projetado pelo arquiteto Álvaro Siza, primeiro vencedor estrangeiro do Prêmio Nacional de Arquitetura [da Espanha].
A série de imagens segue de dentro para fora, compondo um quadro de sonhos esmaecidos e destacando a dura relação entre as condições naturais do lugar e a arquitetura.
O projeto de Isla começou como um registro fotográfico. Sua intenção não era capturar um momento efêmero, mas compor um retrato fiel e preciso de um espetáculo arquitetônico que se tornou um enigma de sua época.
As imagens não mostram a glória e esplendor do momento em que a pedra angular da arquitetura é assentada. Pelo contrário, registram um tempo muito posterior a isso, a exemplo do que o historiador da fotografia David Campany chama de fotografia atrasada: uma imagem que conduz os espectadores por lugares de memória onde muitas coisas aconteceram e se sobrepuseram ao longo do tempo.